Cabo Verde vive um momento inédito na sua história de representação internacional: pela primeira vez, o país marca presença oficial no concurso Miss Universo. A mulher que assume esta responsabilidade é Prissy Gomes, profissional da moda, atriz e apresentadora, que leva consigo não apenas a bandeira nacional, mas uma visão própria sobre educação, liberdade e identidade crioula.
Nascida em Aubervilliers, França, e dividindo a sua vida entre Londres e Paris, Prissy construiu uma carreira consistente no universo da moda e do entretenimento. Longe de se limitar à estética, ela usa a sua visibilidade para questionar padrões, reivindicar espaço para mulheres negras e destacar o potencial de um país frequentemente visto como periférico no mapa global. “Até as ilhas mais pequenas podem brilhar com luz própria”, defende.
A sua participação no Miss Universo assume, assim, contornos que vão para lá da passarela. Prissy encara o concurso como um palco político e simbólico, onde a mulher cabo-verdiana é apresentada ao mundo como força intelectual, sensível e resiliente. A sua mensagem dirigida aos jovens do país é clara: a educação e a determinação são caminhos concretos para alargar horizontes.
Essa visão materializa-se no projeto “Educar é Libertar”, iniciativa de sua autoria que apoia meninas e jovens mulheres em Cabo Verde. Através de ações focadas em educação e literacia digital, o projeto procura criar ferramentas reais de autonomia, rompendo ciclos de dependência e exclusão. Para Prissy, “a educação é a forma mais poderosa de liberdade”, uma ideia que a coloca na linha de pensamento que vê o conhecimento como ato de soberania.
Ao longo do percurso, Prissy também enfrentou críticas de vários cabo-verdianos, que questionaram a sua forma de representar o país, desde a pronúncia de “Cabo Verde” ao facto de não dominar o crioulo, entre outros reparos. Ainda assim, manteve-se firme, focada na sua missão e na responsabilidade de estar ali em nome de Cabo Verde. Hoje, independentemente das opiniões divergentes, resta reconhecer o peso histórico desta estreia e deixar os parabéns a Prissy Gomes pela coragem e pelo caminho aberto para futuras candidatas.
A edição de 2025 do Miss Universo, realizada na Tailândia, terminou com a coroação de Fátima Bosch, do México, como vencedora do título.
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